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O livro é sempre melhor que o filme?

Livros que são adaptados para o cinema não são novidade, nem o debate sobre qual é melhor. Mas, esse debate, ele faz sentido?

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Ghedin

22 de fev de 2017

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Antes mesmo de começar a materializar sua visão, o artista se depara com algumas questões importantes. Uma das maiores é o suporte a ser adotado, ou seja, de que maneira ele quer ou se sente mais apto a passar sua mensagem às outras pessoas. Essa decisão não é talhada em pedra; uma mesma história pode ser contada de diferentes maneiras. Quando isso acontece, ou seja, quando há uma migração de suporte — do livro para o audiovisual, por exemplo —, surgem debates acalorados acerca de qual é o mais apropriado. Afinal, o livro é sempre melhor que o filme?

Filmes baseados em livros não são um fenômeno recente, embora possa parecer. Desde os primórdios do cinema essa prática se estabeleceu. O clássico E o vento levou, de 1939, é baseado no romance homônimo de Margaret Mitchell, publicado três anos antes; o célebre Frankenstein, filme de 1931, reconta os eventos do livro de Mary Shelley, publicado mais de um século antes, em 1818. Para além dos títulos mais óbvios e contemporâneos, como a série Harry Potter, de J. K. Rowling, e Crepúsculo, de Stephanie Meyer, a lista é bem vasta e conta com algumas surpresas.

O Regresso

Você sabia, por exemplo, que os filmes Uma babá quase perfeita e Forrest Gump foram baseados em livros? No BuzzFeed há uma lista de 25 filmes famosos que pouca gente sabe que foram, antes disso, livros. O regresso, que deu a Leonardo di Caprio seu primeiro Oscar dois anos atrás, é outro — baseado no livro homônimo de Michael Punke.

A palavra mágica: adaptação

Quando um livro vai parar na telona do cinema, diz-se que ele foi adaptado. Esse termo é importante porque, salvo raras exceções, livros não são rigorosamente convertidos em filmes, mas adaptados. A linguagem e o tempo para se contar a história são diferentes; ainda que possível, filmar passo a passo o que o livro narra é arriscado: o resultado pode ser enfadonho. Imagine um monólogo interno da personagem principal. Num livro, tal situação é perfeitamente possível. No filme? Seria mais difícil manter o interesse do espectador.

São nessas distinções, as de atuação, que se concentram as mudanças a que os fãs costumam torcer o nariz — “não é como no livro”, ou “esse personagem não existe no livro” ou, ainda, o contrário, “cadê o personagem X?” É realmente difícil agradar a todos.

De qualquer forma, boas histórias costumam render bons livros e bons filmes. A boa adaptação deve levar em conta as peculiaridades de cada meio — a densidade que o papel proporciona e, no caso do cinema, a imersão e o encantamento que áudio e vídeo permitem alcançar. Que um é melhor que o outro talvez seja uma questão que passe do ponto que importa. Respeitada a essência da obra original, liberdades criativas, acréscimos e remoções são perfeitamente toleráveis se o resultado, isoladamente, atinge a expectativa.

Às vezes, essas mexidas tornam a história mais dinâmica, melhor. É como se o livro, nesses casos, servisse apenas de argumento inicial em cima do qual roteirista, produtores e diretor trabalham para gerar uma obra nova. Um bom exemplo é O lado bom da vida, um livrinho sem muitos atrativos que, nos cinemas, virou um filme bem divertido.

Star Wars Trilogia

E, claro, devemos levar em conta também as narrativas transmidiáticas, em que um universo é explorado com obras originais em diversos suportes. Star Wars, com seus filmes, desenhos seriados, livros e jogos faz muito bem essa exploração. A saga de George Lucas é um exemplo curioso também por outro aspecto: aqui, os filmes vieram antes dos livros.

Nos idos dos anos 2000, os irmãos Wachowski fizeram o mesmo com Matrix. Além da trilogia cinematográfica, acompanharam-na um jogo de video game (Enter the Matrix), uma série de curtas animados (Animatrix) e até histórias em quadrinhos. Cada uma dessas peças trazia histórias independentes e, ao mesmo tempo, interligadas a um universo coeso.

A indústria do entretenimento é mestra em reciclar e ressignificar grandes obras. Os múltiplos suportes de que dispomos são um convite a esses experimentos. Nem sempre dá certo, mas vale a pena o risco para, em troca, vez ou outra podermos ver os nossos personagens preferidos da literatura ganharem vida e movimento na sala de cinema.